quarta-feira, 31 de julho de 2019

Quando nos apaixonamos por quem nos tornamos...


Há um tempo, ando me olhando com certo orgulho. Uma admiração por quem me tornei, pelas dificuldades que superei e pelas escolhas que fiz. Fico pensando: “como foi bonito o trajeto até aqui”. “Quanta coisa eu construí”! “Que orgulho da mulher que me tornei”.

E, quando a gente começa a se olhar dessa forma, tudo se torna mais simples. A gente passa a ter muito claro o que soma e o que não agrega, o que deve permanecer e o que precisa partir. Parece que a gente ganha um super poder: o poder de ser dona da nossa caminhada. E a gente passa a ter a missão de se defender de tudo e de todos que venham a sugar a nossa energia sonhadora.

Tornamo-nos pessoas mais práticas. Aceitamos com gratidão o que chega para somar e deixamos seguir, de coração aberto, o que resolve partir. Aprendemos a agradecer o que temos, apesar de – muitas vezes – não ser o que desejávamos. Não é uma questão de conformismo. É um olhar sobre a vida. É uma mudança de olhar sobre a vida e sobre a nossa condição humana.

É entender quem somos, com nossos defeitos, com nossos erros e acertos. É compreender que estamos neste mundo para viver as melhores coisas que ele pode ofertar e que podemos devolver coisas boas ao universo.

Quando nos apaixonamos por quem nos tornamos, fica difícil olhar para trás. Fica difícil aceitar qualquer condição “meia-boca”, fica difícil aceitar menos do que merecemos. E o que merecemos? Uma vida plena e linda a ser vivida.

domingo, 7 de abril de 2019

Permita-se viver os presentes do acaso


Nestes tempos de Whatsapp, uma amiga me mandou um áudio relatando que estava apaixonada, que havia tido um encontro de almas. No entanto, inúmeras inseguranças permeavam o imaginário dela: "E se isso não der certo?" "E se ele não gostar disso?". "E se...?".

É normal sentirmos medo, principalmente quando encontramos algo que mexe com toda a nossa estrutura. É normal querermos para sempre aquela pessoa que nos faz andar sorrindo feito bobo pela casa, que nos faz olhar a vida de uma forma mais bonita e que nos faz acreditar em tudo que não acreditávamos mais.

Como é bom quando alguém chega para trazer poesia quando estamos mergulhados em prosa! Como é bom encontrar cumplicidade num outro olhar, paz num outro sorriso e felicidade num abraço. Justo aquele abraço que ninguém tem. Só aquela pessoa. Só você e ela.

Esses encontros de almas, ao acaso, não acontecem com muita frequência. São raros na vida. Só que, às vezes, a gente quer racionalizar demais. A gente quer a garantia da eternidade... A gente quer o "para sempre" antes de experimentar "o viver". E nada vai nos dar essa garantia de "por quanto tempo vai dar certo", "por quanto tempo vai ser mágico".

Pode ser que dure muito tempo. Pode ser que não. Pode ser que vocês fiquem juntos por vários anos, e a mágica deixe de existir. Pode ser que vocês reconstruam esse sentimento e as "borboletas permaneçam por ali". Pode ser que vocês se separem logo e percebam que não era nada disso. Pode ser que vocês se separem e, mesmo assim, todas as vezes que se olharem, percebam que o encantamento nunca acabou.

Em relação a esses acasos, não há receita ou conselho muito eficaz. O que disse a ela e diria a você é que "permita-se viver", independente do que virá no futuro. Afinal, encontros de almas são a mais pura expressão do que podemos chamar de "presente".

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Dos aprendizados de se ter 30 e poucos

Há alguns anos, eu estava prestes a completar 30 anos e o mundo não fazia mais tanto sentido para mim. As peças do meu quebra-cabeça outrora perfeito não se encaixavam mais...

O turbilhão de virar a casa dos 30 mexia comigo. Muitos sonhos idealizados não tinham se concretizado e havia um abismo entre a projeção e a realidade. Entender-me levou tempo. Hoje, olho com serenidade para o redemoinho que bagunçou a minha vida e mudou muito em mim e no meu mundo.

Hoje, alguns anos depois, consigo entender que é normal passar por isso nessa fase da vida. Alguma grande ruptura acontece na gente ou com a gente. No entanto, são perdas que nos fortalecem, se conseguimos olhar com franqueza para o que somos.

Ter 30 e poucos me fez mais forte, mais mulher, mais serena, mais plena e mais grata. Como sou feliz por ter chegado até aqui! Como sou feliz por cada oportunidade e por cada aprendizado. Amadurecer não significa que estaremos livres dos erros, mas - sim - que já sabemos lidar com eles.

Amadurecer significa mudar o olhar, focar nos ganhos e não nas perdas. E viver? Viver é se jogar a cada dia que chega com a certeza de que ainda há muito a ser vivido e não podemos desperdiçar nenhum segundo sequer...

sábado, 22 de setembro de 2018

A leveza em deixar ir...

O despertador tocou. Levantei-me e me olhei no espelho. Algumas olheiras lembrando a dor da noite passada. Meio sem forças, andei pelo quarto tentando me livrar dos pensamentos que não queriam me deixar. Ele se foi. Simplesmente se foi. Sem brigas, sem discussões.



Ele resolveu partir e não me deu opção. Ele dizia que nos tornamos eternamente responsáveis pelo que cativamos, parafraseando Exupéry, mas ele simplesmente fechou a porta e partiu.

E as nossas viagens? E aquele quarto de hotel que nunca foi nosso? E aquela passagem cancelada? E o almoço naquele restaurante que eu não poderia olhar as fotos na internet porque ele me levaria lá algum dia? E as músicas que não posso mais ouvir, pois eram o nosso "bom dia diário"?

Olhei-me novamente no espelho. O celular estava na não. O aplicativo de mensagens teimava em me mostrar o rosto dele nas últimas conversas. Provavelmente, seria a última vez em que ele estaria nas últimas conversas. Pensei em mandar um "bom dia. Você acordou do surto?". Desisti. Eu o havia deixado ir. Não tinha pedido para ele ficar.

Há alguns anos, decidi não insistir em ninguém. Aprendi a enxergar além do espelho. Aprendi a ver a mulher que sou. Então, se alguém resolve partir, é porque não conseguiu enxergar o que melhor eu tinha para dar.

Pode ir, vá ser feliz. Por aqui, eu fico em paz. Só não se arrependa. Talvez, amanhã, não haja mais motivos para eu abrir a porta e deixar você voltar.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Se eu pudesse te dar um conselho...

Se eu pudesse te dar um conselho, eu diria apenas para viver. Não falo em deixar os dias passarem, mas em viver mesmo, em aproveitar o máximo possível todos os dias. Se eu pudesse te dar um conselho, menina, diria para seguir teu coração sempre que o medo tentasse controlar as tuas escolhas.

Fonte da imagem: essemundoenosso.com.br


Eu te diria para arriscar, para se jogar, para buscar os teus sonhos, mesmo sabendo que poderás tropeçar em frustrações. Eu te diria para respirar lentamente, quando a ansiedade quiser ser mais forte. Eu te diria para lembrar o quanto já caminhaste para chegar até aqui. E para não perder de vista que foram as tuas escolhas (certas e erradas) que te constituíram no que tu és hoje.

Se eu pudesse te dar um conselho, eu te diria que a verdade que importa é a do teu coração, do que tu sentes e do que acreditas. Eu te diria para não deixar os outros podarem teus sonhos, amargarem a tua ilusão. Eu te diria que tua alma é fortaleza, basta que acredites no teu poder.

Se eu pudesse te dar um conselho, eu te diria: viva, sonhe e faça. Eu te diria recomece sempre que necessário. Recomeçar faz parte dos aprendizados. Ficar na mesma e ver a vida passar é que não vai agregar em nada!