Após uma
temporada intensa de relacionamento sério com o Netflix, resolvi sair de casa e
curtir uma balada. Pesquisei, pesquisei, pesquisei... Fiz as contas dos custos (Uber
+ entrada + consumo) para ver o que cabia no meu orçamento. Isso mesmo, nesta
fase da vida, a gente faz previsão de custos até para diversão (afinal nossos
boletos estão ali religiosamente esperando o nosso salário)...
Eis que havia
uma festinha em que, para entrar, bastava compartilhar a publicação referente
ao evento e chegar antes das 22h. Inocentemente, gostei da ideia (e olha que eu
nem imaginava o ritmo musical da noite). A única coisa que lembrei foi do
quanto eu já gostei de frequentar aquele local. Era a balada que eu costumava
ir às sextas-feiras à noite, depois da faculdade, com as minhas amigas. A gente
pegava um ônibus para ir ao local, entrava no 0800 e esperava amanhecer para
voltar para casa. Lembro que o som era legal e o público sempre interessante.
Então, pensei:
“a festa será boa”. A minha memória afetiva trazia boas recordações de lá. No
entanto, minha mente omitiu um pequeno detalhe: havia 10 anos que eu não ia a
uma festa naquela casa de show. Apenas 10 anos... Daí, o que aconteceu?
Simples: eu era a “tiazona” da festa...
Quando
cheguei, vi uma fila que dobrava o quarteirão (metade da cidade queria entrar
sem pagar) e percebi que todos ali deviam ter a idade que eu tinha quando
frequentava o local. A minha memória afetiva havia me traído. Então, lá fui eu
(a única de salto alto e vestido com brilho) passar a noite sentada no
banquinho do bar e assistir à criançada dançando e paquerando como se não
houvesse amanhã...
Bom, o fato
positivo foi que eu aguentei ficar acordada a noite toda (apesar de ter
amanhecido toda quebrada como se eu tivesse dançado exaustivamente). Já o fato
engraçado foi perceber que, com o passar do tempo, nos sentimos deslocadas em locais
que nos sentíamos em casa. Por fim, o fato curioso é descobrir quais os locais
que pessoas da nossa idade frequentam, se é que saem de casa...
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