Eu não assisto
ao BBB. Não acompanhei de perto o que aconteceu com a Emilly, mas entendo o
choro dela quando o seu abusador foi expulso do programa. Eu entendo daquela
dor, eu entendo dessa impotência, dessa fraqueza diante de uma realidade que se
escancara na sua frente. Se você não entende, por favor, não julgue a atitude
da vítima.
Li vários
relatos de pessoas perplexas pelo fato da moça se sentir culpada, pelo fato
dela sentir falta do agressor, pelo fato dela não ter tido forças para “dar um
basta na relação abusiva”. É fácil e raso julgar a incapacidade alheia, a sua
fraqueza e a sua impotência. É fácil não estar no lugar do outro. É difícil,
muito difícil, compreender o que se passa na mente de uma pessoa que vive um
relacionamento abusivo, entender os seus porquês.
Os
relacionamentos abusivos quase sempre têm a mesma tônica: pessoas que estão
fragilizadas emocionalmente (ou que foram fragilizadas pelo abusador), uma
promessa de mudança, a certeza por parte da vítima de que está fazendo a coisa
certa e a desconfiança por parte da família e dos amigos.
A vítima está
fragilizada, ela acredita que não há nada de errado naquela relação e ela está
cansada de ser julgada pelas pessoas próximas. Ela precisa, na verdade, de
alguém que a entenda, que a ajude e que não questione as suas escolhas. Ela
precisa de amparo no mais amplo sentido da palavra.
Ao contrário
dos comentários perplexos que li em vários espaços, num grupo de ajuda para
pessoas que passaram por relações abusivas, vi muita solidariedade e
identificação. Todas aquelas mulheres se reconheceram na cena da Emilly
chorando. Todas aquelas mulheres choraram junto. Todas aquelas mulheres
reviveram a sua dor ao ver a dor do outro.
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