A nossa
geração viveu na pele todas as transformações tecnológicas dos últimos anos. E
elas influenciaram o que somos e a forma como nos relacionamos. Diferente dos
nossos pais, que tiveram o primeiro contato com a internet apenas quando
adultos (e alguns só estão tendo contato agora), e dos nossos futuros filhos
(que já nascerão num mundo de relações intermediadas virtualmente), nós
vivenciamos cada fase da nossa vida até agora diante de uma realidade
tecnológica diferente.
Nós ainda
pegamos a época de mandar bilhetinho de papel na sala de aula, de ligar de
“orelhão” na hora marcada para o paquera. Depois, na adolescência, tivemos
acesso aos primeiros celulares. Através deles, mandávamos mensagens de texto,
ligávamos nos três segundos ou preferíamos falar aos finais de semana (por
causa das promoções de ligação).
A nossa
geração tinha computador em casa, mas entrar na internet era algo a ser feito
apenas de madrugada ou nos finais de semana. Caso contrário, estourávamos a
conta de telefone dos nossos pais. Afinal, tínhamos internet discada. Foi nessa
época, final da adolescência, que conhecemos os bate-papos do Bol e do Uol.
Através desses sites, podíamos conversar com pessoas da nossa cidade ou de
qualquer lugar do mundo. E, para isso, bastava um nickname.
Na época,
selecionávamos a pessoa pela conversa. Em 20 minutos “teclando” com alguém, era
possível saber mais ou menos se os interesses da pessoa combinavam com os seus.
Você só trocava contato com alguém que realmente te chamasse atenção. E a
pessoa só via a sua foto se você trocasse contato (na época, o mais comum era
trocar o endereço de MSN).
Enfim,
primeiro vinha o conteúdo. Depois, o visual. Falando em MSN, era preciso marcar
com o namorado, com os amigos ou com o paquera a hora de entrar no programa. Dava
um frio na barriga quando você ficava online e a pessoa não aparecia. De
repente, aquela janelinha subia. Quando estávamos com raiva, colocávamos uma
indireta na frase do perfil. Também fazíamos várias suposições quando víamos
uma frase estranha no perfil de alguém próximo.
Na mesma época do sucesso do MSN, nós tínhamos
o Orkut, que foi a nossa primeira rede social. No início, a gente falava com
meia dúzia de amigos na rede. Depois, a ferramenta foi se popularizando. No
auge do Orkut, prova de amor era um depoimento. E a prova de uma traição também
poderia estar num depoimento não aceito. Afinal, não havia inbox no período.
Hoje, aos 30,
vivemos numa época em que a principal forma de acesso à internet é realizada através
dos celulares. O celular é quase uma extensão do nosso corpo. O MSN deu espaço
ao Whatsapp. Ao invés de avisarmos quando estamos online, estamos sempre
online. O Orkut acabou e ficamos com o Facebook.
No lugar dos
bate-papos, acessamos aplicativos com cardápios virtuais de possibilidades. Primeiro,
a imagem. Você escolhe o que lhe convém aos olhos. Só depois a conversa, o
conteúdo... Do bilhetinho no colégio aos aplicativos de celulares, a nossa
geração passou por muitas mudanças. Cada fase com uma realidade diferente.
Agora, só nos resta nos preparar para as próximas transformações culturais...