domingo, 31 de janeiro de 2016

A chegada dos 30 anos e a maternidade...

Há muitas mulheres que não desejam ter filhos e, nem por isso, deixam de ser felizes.  Por muito tempo, eu não tive esse desejo. Meu foco era única e exclusivamente a minha carreira. O tempo foi passando e, após os 20 e poucos, meu instinto maternal começou a falar mais alto. Eu me rendo toda vez que vejo o sorriso puro e ingênuo de um bebê e fico toda boba na frente de uma criança.
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No entanto, ainda me considero muito imatura para tomar uma decisão que vai mexer com tudo na minha vida. Mas quando será esse momento certo?  Ao olhar para a minha mãe, lembro que ela foi mãe pela primeira vez aos 23. Eu nasci quando ela tinha 27. Daí, pergunto-me: será que ela era madura o suficiente para ser mãe? Desconfio que não. Desconfio que a gente nunca esteja preparada para ser mãe. Desconfio que a gente se descobre mãe quando esse milagre da vida nos encontra.  E a gente aprende no desenrolar dos dias, nas pequenas descobertas e num amor incondicional que nasce instantaneamente na gente.

Mesmo assim, realizar esse sonho exige uma compreensão clara da realidade. É preciso estar preparada financeiramente e, principalmente, psicologicamente. Afinal, como dizem as minhas amigas que já são mães, não é nada fácil conciliar a rotina de mãe com a de mulher, a de dona de casa, a de profissional etc. Talvez seja aí que se encontre o grande dilema da mulher de quase 30: ao mesmo tempo em que não nos sentimos preparadas, temos um relógio biológico correndo contra nós.


Apesar disso, não é necessário desespero. Ter consciência do que uma decisão como essa representa é fundamental para você não responsabilizar seu filho pelas escolhas que você fez. E, se você não tem essa vontade nem está disposta a abrir mão de algumas coisas, não se sinta obrigada a ser mãe simplesmente porque a sociedade impõe isso para a mulher.  Afinal, nós decidimos o que é melhor para a gente. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ela quer dançar na chuva e poder se molhar...


Ela passou a vida inteira escutando o que podia e o que não podia fazer. Ela passou a vida inteira ouvindo as pessoas dizendo o que era certo e o que era errado. Ela passou a vida inteira sem poder escolher o seu próprio caminho, porque todo mundo acreditava poder interferir no destino dela.

Mas agora é diferente: ela já tem quase 30 e sabe que pode tomar as suas próprias decisões. Sabe que, escutando ou não os outros, ela é quem vai sentir o peso de cada uma de suas atitudes. Ela, enfim, percebeu que o barato da vida é o caminho e não o destino final. Descobriu que o caminho pode mudar e o destino também. E o que importa se mudar? O que vale é aproveitar o trajeto, vivenciar cada dia e simplesmente poder dançar na chuva.

Sim, ela quer dançar na chuva, quer se molhar e até borrar a maquiagem. Ela pode seguir sem rumo, desacelerar o passo e curtir cada nova parada que a vida lhe proporcionar. Ela não tem mais tanta pressa de chegar e aprendeu que mudar faz parte. Ela muda de rumo, muda de estratégia, muda de objetivo. Ela se transforma e quer transformar tudo ao seu redor. Ela sabe que ainda tem muito a aprender e que, para ser feliz, é preciso se permitir...


É preciso se permitir andar na chuva, mesmo correndo o risco de se molhar. É preciso aprender com as tempestades... É preciso se permitir viver e aproveitar cada etapa dessa viagem maravilhosa. Sim, ela sabe disso. Sim, ela quer dançar na chuva e poder se molhar. 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Relacionamentos: amor é construção...

O amor tem muitas facetas e muitas visões. Inclusive, a gente muda nossa percepção sobre ele com o passar dos anos. E, aos quase 30, eu escolho um amor sereno e cotidiano.

Eu acredito num amor construído, escolhido e mantido à base de uma vontade conjunta de estar com o outro, numa vontade de fazer dar certo e numa certeza de que vale a pena.

Não comungo daquele ditado que diz que não escolhemos quem amamos. Para mim, podemos até não escolher por quem sentimos atração ou nos apaixonamos, mas amar está nas nossas mãos, é uma construção diária, é uma construção a dois.

Amar faz-se nos detalhes, na atenção dedicada ao outro, no cuidado, na aceitação. Amar faz-se em aceitar o outro com as suas limitações e ajudá-lo a enxergar beleza no que ele é.

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Amar faz-se nas renúncias cotidianas, no acordar cedo para deixar o outro no trabalho, em ligar para saber como foi o dia, em atravessar a cidade só para almoçar junto, em andar de mãos dadas num passeio no shopping.

Amar faz-se em abrir mão de "si" pelo "nós", faz-se em contrapor a lógica e manter um relacionamento separado por milhares de quilômetros, faz-se em fingir ser forte quando o outro está fraco.

Amar faz-se a dois, faz-se por vontade, faz-se por escolha. Quando dois escolhem esse caminho, o amor se realiza... Quando só um decide continuar a jornada, vira sofrimento... Então, o amor desfaz-se...

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Por que, quase aos 30, nos cobramos tanto?

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Não há cobrança pior do que a autocobrança. E nós somos especialistas nisso. Cobramo-nos por tudo. E, com os 30 se aproximando, intensificamos os julgamentos sobre o que estamos fazendo com a nossa vida e nos perguntamos o motivo pelo qual nossos planos não deram certo.

Cada um tem o seu tempo para realizar determinados sonhos e o conceito de felicidade é diferente para cada um. No entanto, ao olharmos para o que nos é dado como convencional, temos dificuldade em aceitar o fato de estarmos fora do “padrão”. Parece que falhamos em algo.  Não, nós não falhamos. Apenas nossas experiências nos levaram para outro caminho. E precisamos entender isso. Esse é o primeiro passo para levarmos a vida de forma mais leve.

Não é porque você não casou, não está noiva, não tem filho ou não tem o emprego dos seus sonhos que a sua vida é pior do que a de outra pessoa. Afinal, tudo tem o seu ônus e o seu bônus. Assim, é preciso estar preparada para cada fase que se abre na nossa vida. Além disso, a gente também se fortalece nas adversidades. Um fim de um relacionamento conturbado, às vezes, é importante para sabermos lidar com uma próxima relação. Às vezes, perder um emprego medíocre nos abre uma porta para trabalharmos com algo que realmente nos satisfaz.

Assim, é preciso se cobrar menos. A cobrança nos faz não aceitarmos a nossa essência nem o que temos. E, muitas vezes, o que temos é o necessário naquele momento. E o que virá depende do que fazemos com o que temos. 


sábado, 16 de janeiro de 2016

A gente adora exibir, mas esquece de vivenciar...

A nossa geração talvez seja uma das mais complexas e confusas da história. Crescemos diante da fotografia analógica e viramos adultos num mundo da instantaneidade.  Fazemos questão de publicizar tudo o que acontece conosco e, muitas vezes, esquecemos de simplesmente vivenciar o que nos é dado de experiência.

Temos a necessidade de tentar eternizar e mostrar todos os nossos momentos de felicidade, precisamos dizer que estamos bem, que estamos melhores do que os outros. Somos uma geração que não se permite ter fraquezas ou derrotas. Estamos lá, todos os dias, tentando mostrar que temos as melhores roupas, que vamos para as melhores baladas e que conhecemos os melhores destinos do mundo... E, muitas vezes, esquecemos de contemplar.


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Não contemplamos a companhia dos nossos familiares, porque simplesmente passamos horas no nosso universo virtual (e eu me incluo nisso).  Quando viajamos, ficamos horas em filas apenas para tirar a melhor foto no ponto mais badalado do destino... E – pasmem - muitas vezes, voltamos sem lembranças afetivas. Tudo isso porque, simplesmente, esquecemos de curtir aquele lugar. Preocupamo-nos tanto em guardar aquele instante, que não o transformamos em nosso. É apenas mais uma festa, é apenas mais um destino, são apenas mais algumas pessoas.


Nós temos as fotos, mas não temos – de fato - as lembranças, pois não nos permitimos vivenciar aqueles momentos.  Arrisco dizer que havia certa sabedoria na decisão dos índios americanos de não permitir serem fotografados. Eles acreditavam que a fotografia aprisionava a alma. Pode até não aprisionar, mas é bobagem abrirmos mão da oportunidade de viver para tentar guardar. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Se possível, more sozinha antes dos 30

Morar sozinha é uma experiência libertadora. E, se eu pudesse te dar um conselho, diria para morar sozinha antes dos 30.  More sozinha num lugar longe dos seus pais e da sua zona de conforto. De preferência, em outra cidade, outro estado, outro país.  More sozinha antes de morar com alguém.  More sozinha e aprenda a admirar a sua própria companhia. More sozinha e descubra outra parte de você.

Às vezes, temos medo do desconhecido. E, assim, preferimos a comodidade a qual já estamos acostumadas. Todavia, lançar-se ao novo é uma oportunidade de nos conhecer melhor, de crescer em meio a adversidades, de amadurecer. Morar sozinha não é fácil, exige resiliência e muita paciência. Em alguns momentos, dá uma vontade de jogar tudo para o alto e voltar para o conforto do colo da mamãe. Mas é preciso se libertar.  É preciso ser dona do seu próprio espaço.

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E como é bom chegar ao nosso lar após um dia corrido de trabalho e simplesmente ficar horas esparramada no sofá.  Como é bom receber quem você quiser e não precisar dar satisfação para ninguém.  Como é bom ficar perdida na companhia única dos nossos pensamentos. Como é bom acordar tarde num sábado e descobrir que não tem nada para comer na geladeira. E você não vai atrás de fazer nada mesmo...  Afinal, delivery existe para isso.


Morar sozinha tem seu lado ruim, confesso. É um saco fazer as compras no supermercado e não ter ninguém para te ajudar com as sacolas. Se você não está com coragem de lavar as louças, elas vão continuar sujas na sua pia. E encontrar encanador, marceneiro e eletricista de confiança será um dos maiores desafios dessa “via-crúcis”. Mas, no geral, vai valer a pena. Será uma experiência prazerosa. E, se você precisar voltar para a casa dos seus pais ou se resolver dividir a vida com outra pessoa, até sentirá falta desses dias... 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sobre primeiros assédios e as marcas invisíveis que ficam

Hoje nem era dia de escrever para o blog, mas este assunto ficou martelando a minha cabeça nas últimas horas e resolvi subverter a minha própria regra. Nos últimos anos, muitas mulheres têm contado seus relatos sobre o primeiro assédio e isso tem feito a sociedade refletir a respeito. Foi justamente por ter um espaço com um público considerável que resolvi contar as minhas histórias. Sim, histórias no plural.

Ao longo da vida, as mulheres passam por inúmeros abusos, muitas vezes sem perceber. Isso vai refletindo na nossa autoestima e nos nossos relacionamentos. Por isso, é tão importante falarmos a respeito e entendermos que não estamos sozinhas nessa luta.  

Eu tinha uns 10 anos quando tive meu primeiro contato com a malícia que alguns homens carregam, com esse instinto animal de te olhar como um objeto, como se você fosse feita exclusivamente para satisfazer as necessidades deles. Desde que me entendo por gente, meus pais possuem um comércio em casa. E, nessa época, eu os ajudava. Assim, todos os clientes me conheciam. Alguns eram carinhosos e me abraçavam, mas todos com respeito.

No entanto, um desses clientes olhava-me de forma estranha. Eu dizia para a minha mãe que ele tinha um olhar de “homem mau”. Certo dia, quando eu saía da casa da minha melhor amiga, ele me empurrou contra um muro, dizendo que não era para eu ter medo. Ele passou as mãos sobre os meus peitos e eu fiquei em choque. Não tinha ideia do que era aquilo nem porque aquele homem estava me tocando. A minha reação foi sair correndo para casa.
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Ao chegar, contei o que aconteceu para o meu pai. Creio que, por ingenuidade, meu pai não acreditou em mim. Pensou que era invenção de criança.  “Como um senhor tão distinto faria isso com a filha dele?”. Então, deixamos para lá. Eu fugia sempre que via aquele homem (que continuou comprando no comércio dos meus pais). Tive certa aversão ao meu corpo. Afinal, eu despertava instintos ruins nos homens. Sim, foi aí que comecei a me culpar.

Os anos passaram e, aos 17 anos, eu trabalhava numa lojinha de lacres.  Um dia, o marido da minha chefe ficou em casa (que era conjugada com a lojinha) e me ofereceu um  lanche. Neguei gentilmente. No entanto, ele insistiu. Fiquei sem jeito de negar outra vez. Quando entrei, ele estava sentado na cama, mostrando as partes íntimas e com uma TV ligada passando filme pornô.  Novamente, fiquei sem chão. Saí correndo e ele veio atrás de mim. Questionou se eu era evangélica e se nunca tinha assistido a filmes daquele tipo. Tranquei o portão e ele ainda tentou entrar várias vezes. Rezei para chegar alguém, rezei para aquele dia acabar logo, rezei para a minha chefe não descobrir, pois eu precisava do emprego. Em poucos dias, ela me demitiu. Ele deve ter inventado algo. Na verdade, acabou sendo um alívio para mim.  Todavia, dessa vez, não tive coragem de contar para os meus pais. Eu não queria preocupá-los.  


Eu acreditava que esse tipo de episódio ficaria ali guardado em lembranças que, quase nunca, aparecem. Entretanto, hoje, vejo que não ter lidado direito com isso refletiu na minha insegurança, nos meus medos e, muitas vezes, prejudicou relacionamentos amorosos. Seria bom que histórias como essas não se repetissem. Caso aconteça, o melhor a fazer é dar suporte para a pessoa que foi vítima desses assédios. E, se você também foi vítima, mesmo que há muito tempo, é importante ter uma ajuda psicológica para tentar entender internamente o quanto isso ainda reflete em você. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Relacionamentos: aos quase 30, fujo de superficialidades

A nossa forma de enxergar a vida é resultante do conjunto das nossas experiências até o momento. Assim, aos quase 30, tenho algumas cicatrizes de relacionamentos que não foram saudáveis e de algumas pessoas que eu preferia que não tivessem cruzado o meu caminho.

Sei que a gente só descobre se vai dar certo se tentar. No entanto, em alguns momentos, é melhor simplesmente não arriscar. Não tenho mais saco para expor meus sonhos, meus medos e meus planos para qualquer um. Não é um cara qualquer que merece saber de onde venho e para onde quero ir, descobrir minhas fraquezas e ter acesso ao meu universo particular.


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Existe uma parte de nós, guardada a sete chaves, que a gente só mostra para quem a gente julga que vale a pena. São nossas manias infantis, nossos medos bobos, nossos sentimentos mais puros, aquilo que a gente realmente é, mas que as convenções sociais nos impedem de ser no dia a dia.


Aos quase 30, fujo de encontros casuais na balada e de coleções de primeiros encontros marcados através de um “cardápio” numa rede virtual... Nada contra aproveitar a vida e curtir momentos com pessoas interessantes... É que não me importo mais com quantidade. É que não me importo mais em estar só... É que não é todo mundo que merece saber quem sou. E, para pessoas superficiais, o meu presente não tem espaço. 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Projetar suas realizações no outro é menosprezar a si mesmo...

Uma das principais mudanças que o passar dos anos nos traz está no conceito de realização. Passei anos procurando alguém para me completar, para trazer algo que faltava na minha vida. E, obviamente, todas essas tentativas foram frustradas. Ninguém iria me dar algo que eu precisava encontrar em mim. Ninguém ia resolver todas as questões que eu não conseguia resolver internamente.

E como é fácil responsabilizar o outro por tudo! Difícil é enxergá-lo como um ser humano cheio de defeitos, de frustrações e de medos, assim como nós... É por isso que os relacionamentos reais, muitas vezes, são tão onerosos. Como projetamos no outro tudo o que nos falta, não sabemos lidar com a incapacidade dele não ser o que sonhamos.

Com o tempo, e a chegada dos 30 tem me ajudado a isso, percebemos que é tolice deixar algo tão importante na mão de outra pessoa... Como terceirizar algo tão íntimo e pessoal? Como deixar outra pessoa ser responsável pelo teu humor ao amanhecer?

Fazer isso é menosprezar a si mesmo, é não entender o seu potencial de autorrealização, é não enxergar a sua capacidade de sonhar... Quando entendemos isso, fica mais fácil escolhermos caminhar ao lado de outra pessoa, cada uma levando o seu fardo e seguindo até onde for leve aos dois.
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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A mulher de 30 já tem certeza do que não quer...

Não há nada que vá te impedir de tomar decisões erradas nem de “quebrar” a cara... A vida é um processo contínuo de aprendizagem, de erros e acertos. Mesmo que seus pais, seus irmãos mais velhos e seus amigos te deem os mais diversos conselhos, você só aprende o que é o melhor para você quando vive, experimenta e se joga...

E, nessa montanha russa que é a vida, a maturidade chega para nos deixar mais exigentes, para nos fazer perceber exatamente o que nos faz bem e os fardos que devem ser abandonados. Não temos mais tanta pressa para ter tudo, nossos sonhos mudaram e o nosso conceito de felicidade é muito mais real...


Com o somatório de algumas expectativas frustradas e outras nem tanto, os anos vão passando e nosso tempo passa a ser mais escasso. Daí, aprendemos a dar mais valor a ele... Descobrimos o que não queremos mais para a nossa vida... Não queremos mais um chefe machista que nos grita pelo simples fato de sermos subordinadas a ele. Não aceitamos mais aquelas relações amorosas em que insistimos por tantos anos em manter...  

Parece que a idade nos traz coragem para começarmos a impor as nossas próprias regras ao jogo, e não mais desempenharmos o papel que os outros estabeleceram para nós... Não sei se existe uma idade na qual a mulher já saiba o que quer, mas desconfio que, aos 30, ela já tem certeza do que não quer.