sábado, 22 de setembro de 2018

A leveza em deixar ir...

O despertador tocou. Levantei-me e me olhei no espelho. Algumas olheiras lembrando a dor da noite passada. Meio sem forças, andei pelo quarto tentando me livrar dos pensamentos que não queriam me deixar. Ele se foi. Simplesmente se foi. Sem brigas, sem discussões.



Ele resolveu partir e não me deu opção. Ele dizia que nos tornamos eternamente responsáveis pelo que cativamos, parafraseando Exupéry, mas ele simplesmente fechou a porta e partiu.

E as nossas viagens? E aquele quarto de hotel que nunca foi nosso? E aquela passagem cancelada? E o almoço naquele restaurante que eu não poderia olhar as fotos na internet porque ele me levaria lá algum dia? E as músicas que não posso mais ouvir, pois eram o nosso "bom dia diário"?

Olhei-me novamente no espelho. O celular estava na não. O aplicativo de mensagens teimava em me mostrar o rosto dele nas últimas conversas. Provavelmente, seria a última vez em que ele estaria nas últimas conversas. Pensei em mandar um "bom dia. Você acordou do surto?". Desisti. Eu o havia deixado ir. Não tinha pedido para ele ficar.

Há alguns anos, decidi não insistir em ninguém. Aprendi a enxergar além do espelho. Aprendi a ver a mulher que sou. Então, se alguém resolve partir, é porque não conseguiu enxergar o que melhor eu tinha para dar.

Pode ir, vá ser feliz. Por aqui, eu fico em paz. Só não se arrependa. Talvez, amanhã, não haja mais motivos para eu abrir a porta e deixar você voltar.