Dizem que escrever é desnudar-se, é abrir seu universo ao julgamento do outro...Assim, fazendo esse exercício de deixar a timidez de lado, publico textos que refletem as minhas percepções sobre a chegada dos 30 anos e o reflexo dessa mudança no meu olhar sobre o mundo... Entre e fique à vontade! Contatos: lidianesp@gmail.com
Um belo dia, você percebe que cresceu. Certo dia, você percebe que
já tem uma bagagem. Você tem histórias para contar, algumas boas e outras nem
tanto. Não é só de planos para o futuro que a sua vida é constituída. Há também
um passado e é preciso aprender a lidar com ele.
Com o passar dos dias, vamos acumulando medos, traumas,
frustrações. E isso é tão comum quanto crescer. E a certeza que temos é que não
podemos apagá-los, nem voltar no tempo e mudar as nossas escolhas. Já passou. É
necessário seguir em frente e aprender com as escolhas passadas.
Às vezes, fico me perguntando o que eu teria feito de diferente no
passado. Há muita coisa que eu preferia não ter vivido, muitas cicatrizes que
eu gostaria de não carregar. E me pego pensando no “se”. Como eu seria se
tivesse ido por outros caminhos? Em que lugar eu estaria? Quem estaria aqui
escrevendo este texto?
Então, entendo que só estou aqui, refletindo sobre tudo isso,
pelas escolhas feitas no passado. Elas me constituíram. Elas são o alicerce do
meu repertório para a escrita. Foram elas que me levaram a pensar da forma que
penso hoje. Então, preciso aprender a caminhar com a minha bagagem, transformando-a
em aprendizado. E, em nenhuma hipótese, deixar que elas me impeçam de seguir em
frente, que elas me impeçam de errar novamente, de tentar.
Antes de conseguir andar quilômetros com uma bicicleta, você levou
várias quedas até se equilibrar. Mas se você tivesse desistido por ter medo de
cair novamente, não teria aproveitado a sensação de ter conseguido. Assim é a
vida... A gente escolhe se quer arriscar ou ficar parada por causa do medo.
1 – Ter o
telefone de um “conserta tudo” de confiança é fundamental;
2 – Ter o
telefone de uma pizzaria e de uma distribuidora de água também;
3 – Não dar
intimidade aos porteiros é sempre uma opção, mas tê-los como aliados é
necessário;
4 – Fazer
compras em supermercado só é legal quando você pode escolher o dia. Ir ao
supermercado por necessidade num dia de semana à noite por não ter nada em casa
não é nada empolgante;
5 – É cansativo
e estressante chegar à sua casa sozinha com milhares de sacolas do
supermercado;
6 – Desempacotar tudo é pior ainda;
7 – O sábado é
o dia de fazer tudo o que você deixou para depois durante a semana inteira: faxina, lavar o carro etc...
8 – Você
começa a frequentar lojas que antes você nem sabia da existência, como as de
ferragens e de utensílios domésticos;
9 – Inclusive,
a compra de coisas para casa leva uma boa parte da grana que você tinha para
gastar com você;
10 – Além do
aluguel e das contas básicas, você precisa deixar uma verba separada para
eventuais “emergências”;
11 – Você
descobre que existem 582 tipos diferentes de produtos para limpeza. E que você
precisa comprar uns 10 desses por mês;
12 – Se você
ainda não tiver amigos na cidade e estiver com preguiça de cozinhar, a melhor
saída é comer na praça de alimentação do shopping;
13 – Em poucos
meses, aliás, você conhece todos os restaurantes da praça de alimentação do
shopping mais perto da sua casa;
14 – Quando a
sua mãe resolve fazer uma visita, ela faz o valor das compras do supermercado
triplicar. Afinal, ela compra comida de verdade;
15 – Dá
preguiça arrumar a casa para receber visita;
16 – De vez em
quando, vale a pena espiar a festa que está rolando na piscina ou frequentar a
academia. É uma oportunidade de se tornar mais sociável;
17 – Você aprende
noções sobre encanamento, eletricidade, marcenaria em situações cotidianas;
18 – Apesar
dos perrengues, é prazeroso ter o seu cantinho e aprender a sobreviver sozinha.
Ah, primavera,
quão mágica tu és! Carrega em si o colorido mais bonito, o brilho mais latente
e o sorriso mais belo de todas as flores. Assim como a primavera, algumas
paixões chegam para fazer morada em nossa vida sem avisar. São aquelas que, em
pouco tempo, nos tomam por inteiro, nos fazem sussurrar e nos ajudam a ver
beleza nos detalhes mais simples do dia a dia.
De repente, do
nada, um mero desconhecido passa a dizer coisas que soam como música aos nossos
ouvidos. É uma sintonia. É um daqueles encontros mais bonitos que a vida pode nos
proporcionar. E tudo flui normalmente como o balançar das ondas: o estar junto,
o frio na barriga, a ansiedade em ver novamente e a dor da ausência.
As coisas mais
bobas passam a ter significado. A pessoa passa a ser música: mostrada,
compartilhada e escutada exaustivamente. Uma frase dita, um passeio, uma
mensagem enviada, o pacote de um bombom... Tudo é simbologia num romance de
estação. Nossa mente capta incessantemente cada gesto, cada sorriso, cada
trejeito do outro. Para ficar ali, na lembrança, para ser requisitado num dia
em que precisar.
No entanto,
assim como a primavera acaba, romances de estação tendem a passar. A vida nos
leva para outras estações. Algumas dessas relações transformam-se em algo mais
racional e caminham para a continuidade. Outras se perdem no desencontro: são
fases diferentes da vida, pessoas que não moram no mesmo lugar ou simplesmente um
dos dois perde o encanto.
Com o passar
dos anos, a gente aprende a enxergar esses encontros como olhamos para a
primavera: uma estação necessária, que traz mais alegria aos nossos dias, mas
que tem sentido ao se complementar com as demais estações.
Eu não tenho
tempo para pessoas que são pela metade, eu não tenho tempo para quem não sabe
jogar com honestidade, eu não tenho tempo para quem deseja a minha
infelicidade. Eu não tenho tempo para meias conversas, eu não tenho tempo para
falsas promessas...
Eu não tempo
para discutir o “sexo dos anjos”, eu não tenho tempo para tentar dialogar com
quem sempre tem razão, eu não tenho tempo para te convencer sobre as minhas
verdades. Eu não tenho tempo para te fazer acreditar no que sou. Ah, sabe por quê? Porque meu tempo é escasso
demais para eu perder com o que é desnecessário.
Com o passar
dos anos, aprendemos a ser seletivos e a dar valor ao nosso tempo. A gente
percebe que é preciso ser prático e não se apegar aos pequenos detalhes que nos
impedem de seguir em frente. Afinal, a vida é curta e única.
Dia ruim
sempre existirá. Decepção também. Gente desnecessária no caminho provavelmente.
O que posso fazer é focar no oposto, nos dias bons, nas surpresas positivas e
nas pessoas que chegam para somar. Focar
no que me faz ser alguém melhor e no quanto aprendo com isso.
1 – Você
percebe que já viveu mais de 30 anos e conheceu poucos lugares;
2 – Você
descobre que precisa acelerar as viagens para conhecer todos os lugares que
você gostaria;
3 – O tamanho
da lista dos lugares que você quer visitar aumenta de forma inversamente
proporcional ao que você vai tendo de tempo e dinheiro disponíveis com o passar
dos anos;
4 – Quando
você fala do que já viveu para alguém, as melhores lembranças são de viagens;
5 – Você
conheceu muita gente querida nas suas empreitadas turísticas;
6 – Viajar faz
você desligar do mundo e dos problemas por um tempo;
7 – Conhecer
novos lugares e novas culturas ajuda na compreensão do que é diferente;
8 – Todo o
stress do trabalho vale a pena quando você começa a planejar as suas próximas
férias;
9 – A sua cidade parece que se tornou pequena para
você;
10 – Toda
viagem traz ensinamentos e aprendizados que você não encontra nos livros nem
nos depoimentos de outras pessoas;
11 – Viajar renova
as suas energias;
12 – Viajar
deixa de ser um luxo e passa a ser uma necessidade.
Há algum
tempo, um assunto vem me incomodado. Eu não tenho filhos, mas as minhas amigas
têm. E, por coincidência, quase todas são mães de meninas! Então, como “tia
postiça”, sou convidada constantemente para festas de aniversário de crianças
do sexo feminino. E a inquietação aparece na hora de comprar o presente.
A maioria das
opções disponíveis de brinquedos para meninas se resume a: bonecas no estilo “bebê”,
coisas relacionadas ao lar ou kits de beleza. Na seção dos meninos, você
encontra jogos, carrinhos, super-heróis e Legos. Nada contra gerar
identificação com as crianças em relação a ser mãe, a cuidar de uma casa ou a ser
vaidosa. Mas, por qual motivo, não há super-heroínas na prateleira feminina?
Por qual motivo o ferro de passar de brinquedo é rosa e só está disponível na
nossa seção?
De cima para baixo: aspirador da Barbie, um bercinho, um mini-mercado, um kit para passar roupas, um carrinho de compras com frutas, kit beleza, jogo de xícaras, kit papinha de bebê etc...
Por que, desde
crianças, somos condicionadas a aceitar que o nosso papel é ser mãe e cuidar da
casa? Por que temos que aceitar que nossas filhas sejam obrigadas a seguir um
padrão de moda e vaidade desde cedo?
Fico me perguntando quais caminhos as minhas amigas estão traçando para dar
às filhas o direito de escolha. Fico me perguntando como as mulheres que não
são minhas amigas estão criando seus filhos homens para que não sejam machistas e que respeitem uma mulher, independente das escolhas que ela fizer
ao longo da vida.
Como fazer um
menino entender que ele pode varrer uma casa e não ser menos viril quando
adulto? Como mostrar para as meninas que existem super-heroínas, e não apenas
super-heróis? Como desconstruir em nossas mentes o mito de que, enquanto
mulheres, precisamos de um homem para resolver todos os nossos problemas?
Tento não
colaborar para a continuação de alguns paradigmas. Tento dar brinquedos que
quebrem essa lógica. Quando criança, eu adoraria ter tido um Lego (não essas
versões de princesa, mas um tradicional mesmo). Lembro que a minha melhor amiga
tinha um irmão homem e ele colecionava esse tipo de brinquedo. Quando ele
estava distraído com outras brincadeiras, a gente aproveitava para brincar de
Lego. A gente teve acesso, de certa forma, a um universo que não nos foi
oferecido. E isso não nos fez menos femininas.
Acredito até
que muitas das nossas frustrações poderiam ter sido evitadas se a gente tivesse consciência mais cedo sobre o nosso papel enquanto mulher e sobre a
possibilidade de fazermos escolhas, mesmo com a tradição e com a sociedade nos mostrando
um caminho já definido.
No final da década de 1990 e início dos anos 2000, a gente curtia as primeiras paixões, as viagens em turma e, sim, muita música de rock e pop rock para embalar tudo isso. Algumas marcaram a nossa geração. Na playlist abaixo, o que consegui lembrar...
1-"Mulher de fases" é até hoje o maior sucesso da banda "Raimundos". Com tom de deboche e uma pegada envolvente, a música foi o grande hit de 1999. No auge da adolescência, não tinha música melhor para a gente pular ao lado dos amigos na festa de encerramento da semana cultural do colégio.
2 -"Não sei viver sem ter você" do CPM 22! Caramba, como eu chorei cantando essa música! É a cara de quem se apaixona por quem não vale a pena... "Que não vai voltar, não vai tentar me entender, que eu não fui nada para você"... Uma frustração na vida: nunca fui a um show do CPM!
3 -"Admirável chip novo" da `Pitty. Só vim gostar da Pitty com "Na sua estante" e "Me adora", mas "Admirável chip Novo" marcou bastante a nossa adolescência. A música é de 2003. Lembro de várias amigas que passaram a andar de all star e roupas pretas num tom de "rebeldia adolescente" por causa da Pitty.
4 -"Te levar" do Charlie Brown Jr. O Charlie Brown tem muita música que poderia estar nesta lista. Talvez eu faça uma playlist só para eles depois. No entanto, "Te levar" ficou popular por ser tema de abertura da novela teen "Malhação" e fez com que várias gerações curtissem o som da banda. Nunca fui muito fã da personalidade contraditória do Chorão, mas admiro a obra deixada por ele.
5 -"Pelados em Santos" dos Mamonas. Não tem como falar da nossa geração sem lembrar dos Mamonas Assassinas. Prometo um dia fazer uma postagem só para eles. Na verdade, os Mamonas marcaram a nossa infância, porque eles morreram em 1996... Pelados em Santos foi o principal sucesso da banda, apesar de eu gostar bem mais de "Robocop Gay" e "Lá Vem o Alemão".
6 - "Papo de Jacaré" do P.O Box. No ano 2000, não teve para ninguém. A música "Papo de Jacaré" virou a música mais chiclete do ano. Quem não lembra? Nem sei se ela pode ser classificada como "rock", mas entra na categoria "pop". Acho que merece ser lembrada...
7 -"Te ver" do Skank. O grupo faz sucesso até hoje. A gente quase não acredita que "Te ver", por exemplo, é uma música de 1994 e que o grande "boom" da banda foi nos anos 1990. Há várias músicas bacanas do Skank que poderiam estar aqui, mas preferi colocar a que ajudou a banda a ter projeção nacional.
8 - Fácil do Jota Quest. Para mim, a música mais marcante do Jota Quest é "Hoje", mas "Fácil" foi a primeira de repercussão nacional. Por isso, a escolha dela para compor a nossa playlist.
9 - Malandragem de Cássia Eller. Escrita na década de 1980 por Cazuza e Frejat, "Malandragem" foi feita para a cantora Angela Ro ro, que não gostou da composição. A música, então, só foi gravada em 1994 por Cássia Eller. Apesar de a gente ser bem criança nessa época, a canção marcou a nossa geração.
10 -Olhos certos do Detonautas. Achei injusto terminar essa lista sem "Detonautas". Além de "Olhos certos", eles fizeram muito sucesso com "Quando o sol se for".
11 - Razões e emoções - NX Zero. A banda é de 2001, mas só veio fazer muito sucesso depois de 2006, com "Razões e emoções". Ela tem outro grande hit, que é "Cedo ou tarde". Não sou muito fã de NX Zero, mas acredito que vale a pena lembrar aqui na lista.
12 - Último romance - Los Hermanos. Sou suspeita ao listar os Los Hermanos aqui, pois é a minha banda preferida. No entanto, sei que muita gente - assim como eu - gritava horrores e chorava a cada show da banda. Faz parte da nossa geração, mesmo que você não curta o som dela...
Espero que vocês tenham embarcado nessa viagem comigo! Beijos e até a próxima!
- Chantagem emocional dos seus pais;
- Joguinho de sedução. "Se quer, fala logo. Se não quer, vá embora";
- Gente que só lembra de você quando precisa de algo;
- Ligação de operadora de cartão de crédito oferecendo uma oferta "irresistível";
- Amiga egocêntrica, que acha que o mundo gira em torno dela;
- Homem que inventa desculpa esfarrapada;
- Chefe assediador, que acredita ser seu dono só porque paga o seu salário;
- Assistir à programação da TV aberta por mais de duas horas;
- Substituir o almoço por shake para emagrecer;
- Gente que se importa mais com a vida dos outros do que com a própria.