terça-feira, 11 de abril de 2017

Sobre relações abusivas: você não pode julgar a vítima se você nunca esteve no lugar dela

Eu não assisto ao BBB. Não acompanhei de perto o que aconteceu com a Emilly, mas entendo o choro dela quando o seu abusador foi expulso do programa. Eu entendo daquela dor, eu entendo dessa impotência, dessa fraqueza diante de uma realidade que se escancara na sua frente. Se você não entende, por favor, não julgue a atitude da vítima.



Li vários relatos de pessoas perplexas pelo fato da moça se sentir culpada, pelo fato dela sentir falta do agressor, pelo fato dela não ter tido forças para “dar um basta na relação abusiva”. É fácil e raso julgar a incapacidade alheia, a sua fraqueza e a sua impotência. É fácil não estar no lugar do outro. É difícil, muito difícil, compreender o que se passa na mente de uma pessoa que vive um relacionamento abusivo, entender os seus porquês.  

Os relacionamentos abusivos quase sempre têm a mesma tônica: pessoas que estão fragilizadas emocionalmente (ou que foram fragilizadas pelo abusador), uma promessa de mudança, a certeza por parte da vítima de que está fazendo a coisa certa e a desconfiança por parte da família e dos amigos.

A vítima está fragilizada, ela acredita que não há nada de errado naquela relação e ela está cansada de ser julgada pelas pessoas próximas. Ela precisa, na verdade, de alguém que a entenda, que a ajude e que não questione as suas escolhas. Ela precisa de amparo no mais amplo sentido da palavra.


Ao contrário dos comentários perplexos que li em vários espaços, num grupo de ajuda para pessoas que passaram por relações abusivas, vi muita solidariedade e identificação. Todas aquelas mulheres se reconheceram na cena da Emilly chorando. Todas aquelas mulheres choraram junto. Todas aquelas mulheres reviveram a sua dor ao ver a dor do outro.