A nossa geração talvez seja uma
das mais complexas e confusas da história. Crescemos diante da fotografia
analógica e viramos adultos num mundo da instantaneidade. Fazemos questão de publicizar tudo o que
acontece conosco e, muitas vezes, esquecemos de simplesmente vivenciar o que
nos é dado de experiência.
Temos a necessidade de tentar
eternizar e mostrar todos os nossos momentos de felicidade, precisamos dizer que
estamos bem, que estamos melhores do que os outros. Somos uma geração que não
se permite ter fraquezas ou derrotas. Estamos lá, todos os dias, tentando
mostrar que temos as melhores roupas, que vamos para as melhores baladas e que
conhecemos os melhores destinos do mundo... E, muitas vezes, esquecemos de
contemplar.
Fonte da imagem: br.freepik.com
Não contemplamos a companhia dos
nossos familiares, porque simplesmente passamos horas no nosso universo virtual
(e eu me incluo nisso). Quando viajamos,
ficamos horas em filas apenas para tirar a melhor foto no ponto mais badalado
do destino... E – pasmem - muitas vezes, voltamos sem lembranças afetivas. Tudo
isso porque, simplesmente, esquecemos de curtir aquele lugar. Preocupamo-nos
tanto em guardar aquele instante, que não o transformamos em nosso. É apenas
mais uma festa, é apenas mais um destino, são apenas mais algumas pessoas.
Nós temos as fotos, mas não temos
– de fato - as lembranças, pois não nos permitimos vivenciar aqueles
momentos. Arrisco dizer que havia certa sabedoria
na decisão dos índios americanos de não permitir serem fotografados. Eles
acreditavam que a fotografia aprisionava a alma. Pode até não aprisionar, mas é
bobagem abrirmos mão da oportunidade de viver para tentar guardar.
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