sábado, 16 de janeiro de 2016

A gente adora exibir, mas esquece de vivenciar...

A nossa geração talvez seja uma das mais complexas e confusas da história. Crescemos diante da fotografia analógica e viramos adultos num mundo da instantaneidade.  Fazemos questão de publicizar tudo o que acontece conosco e, muitas vezes, esquecemos de simplesmente vivenciar o que nos é dado de experiência.

Temos a necessidade de tentar eternizar e mostrar todos os nossos momentos de felicidade, precisamos dizer que estamos bem, que estamos melhores do que os outros. Somos uma geração que não se permite ter fraquezas ou derrotas. Estamos lá, todos os dias, tentando mostrar que temos as melhores roupas, que vamos para as melhores baladas e que conhecemos os melhores destinos do mundo... E, muitas vezes, esquecemos de contemplar.


                                                                                    Fonte da imagem: br.freepik.com
Não contemplamos a companhia dos nossos familiares, porque simplesmente passamos horas no nosso universo virtual (e eu me incluo nisso).  Quando viajamos, ficamos horas em filas apenas para tirar a melhor foto no ponto mais badalado do destino... E – pasmem - muitas vezes, voltamos sem lembranças afetivas. Tudo isso porque, simplesmente, esquecemos de curtir aquele lugar. Preocupamo-nos tanto em guardar aquele instante, que não o transformamos em nosso. É apenas mais uma festa, é apenas mais um destino, são apenas mais algumas pessoas.


Nós temos as fotos, mas não temos – de fato - as lembranças, pois não nos permitimos vivenciar aqueles momentos.  Arrisco dizer que havia certa sabedoria na decisão dos índios americanos de não permitir serem fotografados. Eles acreditavam que a fotografia aprisionava a alma. Pode até não aprisionar, mas é bobagem abrirmos mão da oportunidade de viver para tentar guardar. 

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