Estudei boa
parte da minha vida num colégio só de mulheres. Então, no dia 08 de março, a
direção e a coordenação preparavam homenagens especiais ressaltando a nossa
missão em “ser mulher”. Eram lidos aqueles poemas que destacavam a beleza, a
delicadeza e a força de uma mulher. No final, recebíamos rosas. No entanto,
faltava uma reflexão sobre o lugar que ocupamos no mundo e como o mundo nos
cobra.
Eu não faço
mais questão de ganhar rosas no dia 08 de março. Eu não faço mais questão de
ouvir um homem dizer que “sou a mulher mais linda do universo”, até porque não
sou. E aprendi a odiar exageros. Eu só quero ser respeitada no meu dia a dia.
Eu só quero que não gritem comigo, nem namorados, nem maridos, nem chefes. Eu
só quero que saibam me olhar com respeito. Eu só peço que abaixem o tom, pois
não sou nenhuma “vagabunda”. Ah, e se fosse, também mereceria respeito.
Eu quero não
perder mais vagas de emprego porque é uma função muito difícil de ser exercida
por uma mulher e exige autoridade. Eu não quero mais voltar para casa chorando
porque o meu chefe me humilhou no trabalho, valendo-se da minha condição de
mulher. Eu não quero mais ter um namorado que me grita ao telefone, porque ele
aprendeu a gritar com todas as mulheres da vida dele.
Eu quero ser
respeitada quando decidir ter meu filho e não questionada se vou conseguir
voltar a trabalhar. Eu quero poder chegar à minha casa após um dia cansativo de
trabalho e deitar-me no sofá. Não quero ser obrigada a cozinhar e limpar,
apenas porque sou mulher, enquanto meu marido fica conversando ao celular.
Não é que eu
queira 100% dos direitos iguais, até porque a nossa condição nos faz diferente.
Eu quero apenas que essa condição seja respeitada, que sejamos bem remuneradas,
que sejamos valorizadas, que as tarefas de casa sejam divididas e que possamos
escolher o que é melhor para a gente. Quero que o fato de eu ter nascido mulher
seja um motivo de orgulho e não um peso que se carrega nessa vida.
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